Bares e restaurantes preveem alta de até 10% no faturamento do verão
- SC Noticias
- 2 de jan. de 2024
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A vinda de turistas para Salvador aquece o setor de bares, restaurantes e hotelaria
Por Hieros Vasconcelos Rego
Assumindo posição de destaque no cenário turístico brasileiro, apontada como o destino nacional mais procurado para 2024, conforme levantamento da plataforma Decolar.com, a cidade de Salvador, que antes de chegar a esse topo já tinha um verão altamente movimentado, agora deve superar as expectativas, trazendo bom faturamento para o trade turístico e para os serviços privados, que tem o maior peso na composição do PIB da cidade.
Mas para que tudo ocorra bem e para que este verão seja, de fato, um marco na história da capital baiana, é preciso trabalhar muito para alcançar um turismo socialmente responsável, com qualificação e capacitação no atendimento, obedecendo os princípios da transparência, sustentabilidade, solidariedade, assentando na defesa dos direitos humanos e, principalmente, no respeito aos direitos dos trabalhadores.
Esse tem sido o foco da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que estima um aumento de 8% a 10% no faturamento em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o presidente da Associação, Luiz Henrique Amaral, não sairá ganhando apenas o setor: a previsão é de uma alta geração de empregos diretos e indiretos, em todo estado, mas principalmente em Salvador, onde existem mais de 14 mil bares e restaurantes. A projeção é de estabelecimentos lotados até acabar o carnaval. E para isso, um grande número de trabalhadores, qualificados e capacitados, é primordial para o sucesso dessa jornada.
Com estudos que já apontavam a alta do turismo na Bahia, a preparação para o verão 2023/2024 começou cedo, logo no início deste ano. De acordo com Luiz Henrique Amaral, a Abrasel tem colaborado intensamente com a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-BA) para fazer dar certo o programa Qualifica Turismo 2023, uma iniciativa que visa formar mão de obra especializada para atuar no setor de turismo do estado. O investimento para esta etapa do projeto é de mais R$ 2,8 milhões, oriundos do Fundo Estadual do Trabalho (FTE).
Além da parceria com a Abrasel e Setur-Ba, o Qualifica Turismo conta com o apoio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).
A ideia, conforme explica o presidente da Abrasel, é que os profissionais estejam capacitados com cursos de alto nível pra atender a demanda do setor geram oportunidade de renda para grupos específicos e trabalhadores considerados estratégicos para a economia.
“Capacitação e qualificação do segmento é uma constante, fazemos durante todo o ano. Mas agora, com a Setur e a Setre, tivemos um grande salto nesse sentido. Existem diversos cursos de capacitação e qualificação não só na capital, como no interior do estado”, afirma Amaral, reforçando o compromisso com as condições de trabalho dignas.
O resultado, para ser completamente positivo, terá que ser fruto de muita ação. Há uma questão que gera dúvidas em alguns empresários: em 2024 o carnaval começa mais cedo, o que promove o “encurtamento do verão”. “A expectativa é sempre positiva, temos absorvido mão de obra temporária, geração de empregos diretos e indiretos. A permanência desses empregos depende do fluxo, de até quando ele vai. Só vamos descobrir mais na frente qual será o impacto, mas estamos esperançosos”, acrescenta Amaral.
Para o empresário Rogério Carlos de Souza, dono de um restaurante na Mouraria, a expectativa é boa, mas não ao ponto de dobrar o faturamento. “Acho que quem vai lucrar mais são os bares e restaurantes dos pontos turísticos, da orla, onde a gestão pública faz de tudo para agradar os turistas. Aqui no Centro, provavelmente continuaremos como todo ano. Sem policiamento, sem segurança, sem meio fio pintado”, reclama. Ele, que há 20 anos é proprietário, diz que durante essas duas décadas nunca viu nenhum projeto de valorização do bairro pela prefeitura. “O turismo aqui é orgânico. São pessoas que saem do roteiro turístico mercadológico e conhecem moradores da cidade. Chegam aqui com quem já frequenta. Eles não saem do aeroporto com vontade de vir pra cá”, afirma.
Para ele, é preciso que as gestões públicas se voltem para o Centro Antigo, e não só para Centro Histórico. “O Centro não é só Pelourinho e Santo Antônio”, comenta.
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